quarta-feira, 8 de maio de 2013

Lago Escondido e Lago Fagnano

Hoje, dia 07 de maio, fizemos o passeio pelos lagos Escondido e Fagnano.

O passeio foi feito por 4x4, pois não é possível de outra maneira.

Às 8:30 a 4x4 passou em nossa cabana para nos pegar.

Dentro do carro, havia a dupla de brasileiros que conhecemos no passeio do Canal de Beagle, Maurício e sua mãe, Isabel. Também um rapaz argentino, Esteban, que está montando o maior hotel de Ushuaia há 5 anos, 131 habitaciones e o motorista/guia/cozinheiro, Cláudio.

Nos cumprimentamos todos e lá fomos nós em direção ao Lago Escondido.

A primeira parada foi no Vale dos Husks. Um local enorme, plano, onde no inverno são oferecidos passeios de trenó puxado pelo cachorros. São husks siberianos, que são fortes, e os husks do Alaska, que são mais magros porém muito rápidos.


Os perros são lindos, todos mansos pela convivência próxima aos humanos, existiam vários, nem contamos quantos.



Após algumas brincadeiras com os cães, entramos na choupana, que vende café, chá, chocolate quente, etc. Nestes passeios os guias sempre param em locais assim para que os turistas comprem algo, e com certeza eles devem levar alguma comissão. Desta vez ninguém comprou nada, mesmo porque havíamos acabado de tomar café na pousada.

Subimos de volta na 4x4 e seguimos caminho pela estrada. A estrada é a famosa rota nº 3, que chega até o Alaska. É claro que se muda de nome conforme vai atravessando os países, mas, juntando todas, que é uma estrada só, a rota Panamericana,é a maior rota do mundo transitável por carros. No total são 48.000km.

Pouco menos de 1 hora e estávamos fazendo nossa segunda parada, o Lago Escondido. A parada é na beira da estrada, onde tem um mirante para contemplar a paisagem.




Após limparmos as babas, entramos novamente na 4x4 e seguimos viagem. Poucos quilômetros de asfalto e entramos em uma estradinha de terra a caminho do lago Fagnano.

A estrada de terra é parte da aventura, somente as 4x4 conseguem passar. Em meio a bosques e castoreiras, fomos contemplando a paisagem e escutando as explicações de Cláudio sobre a flora da região. Tinha duas 4x4 fazendo o caminho juntas, da mesma companhia de turismo.

Mais ou menos uns 30 minutos de estrada de terra, passando por poças enormes e fundas de água, chegamos ao Lago Fagnano. O lago é enorme, até parece um oceano, inclusive com ondas. O vento sopra sem dó, as ondas se formam por causa dele. Nosso guia disse que em dias de muito vento mesmo podem formar ondas de até 3 metros de altura. Por este motivo não há navegação no lago. A pesca também não é muito atrativa, não só pelas condições climáticas mas também porque só se encontram trutas.





Cheguei a colocar dois dedinhos na água para testar o quão fria ela estava. Congelaram meus dedos.

O passeio se seguiu pela beira do lago, sim, beira mesmo.

Foi uma aventura à parte, ora pelas pedras da beira do lago, ora por estradas de terra com sulcos profundos e ora pela água.





Havia uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho havia uma pedra. Esperem aí, pedra? Não era uma pedra e sim um pedaço de árvore caído no meio da estrada impedindo a passagem das 4x4.

Neste momento, todos paramos e Cláudio nos disse que teria que trabalhar um pouco. Logo desci do carro para ver do que se tratava.




As 4x4 são equipadas com guincho, necessário em momentos como estes. A experiência e técnica dos guias fizeram com que a remoção do tronco fosse uma coisa banal, sem esforços maiores. Eles simplesmente amarraram uma corda no tronco, passaram esta corda por uma árvore e puxaram com o guincho, fazendo com que o tronco saísse da estrada e assim pudemos continuar nossa aventura. A mãe de Maurício até que curtiu a aventura.

Houve um momento em que as 4x4 quase entraram no mar, isto é, no lago. A água chegou na metade das portas, inclusive uma onda bateu no carro justamente nesse momento.






Ao lado do Lago Fagnano, tem uma lagoa de nome Laguna Bombilla, esta lagoa se congela no inverno e é possível caminhar sobre ela. em uma parte, há uma junção do Lago Fagnano e da Laguna Bombilla, adivinhem, passamos bem no meinho deste trecho, com águas por todos os lados.




Logo à frente, Cláudio pediu que todos descessem da 4x4 pois haveria uma ponte onde seria melhor o carro passar mais leve. A mãe de Maurício não topou e ficou no carro.





Cláudio até fez uma graça após passar a ponte e receber aplausos da galera. Ele desceu com o carro em movimento, fez gestos de agradecimento como  um bailarino e logo voltou para dentro da 4x4 e a freou. Nesse meio tempo, dona Isabel permaneceu no carro. As gargalhadas ecoavam no bosque. Ao voltarmos para dentro da 4x4, dona Isabel nos confessou que quase tinha pulado para o banco da frente para frear o carro. Infelizmente foi uma surpresa e acabei não filmando a graça de Cláudio.

À partir deste momento, a trilha ficaria mais difícil, justamente pelos sulcos da estrada que eram mais profundos e escorregadios ainda. Algumas vezes a 4x4 andava como um caranguejo, de lado. Ceto momento foi preciso parar o carro, pegar uma picareta, que equipa as 4x4, e dar uma lapidada na estrada.






Continuamos a trilha que ficava mais bela a cada metro que andávamos. Estávamos nos dirigindo para uma casa de campo, onde os guias preparariam nosso almoço.




Cláudio propôs que descêssemos do carro e fôssemos caminhando, mais ou menos 1,5km. Esta proposta foi estratégica, não só para que pudéssemos apreciar o caminho contemplando as castoreiras mas como também para os guias irem adiantando o almoço. A dona Isabel não quis caminhar e foi de carro com os guias.

A caminhada foi muito bacana, o lugar é muito lindo, apesar de ser depredado pelos castores. Aqui vai um pouco de cultura castoral ushuaiana. Os castores foram trazidos do Canadá para a exploração de suas peles, que eram grossas e valiosas para a confecção. Com o passar do tempo, mais ou menos 50 anos, os castores foram se adaptando ao clima mais ameno daqui em relação ao Canadá. Sua pelagem foi ficando mais fina, causando o desinteresse pela sua exploração. Resultado, os castores foram soltos e se reproduziram sem controle, 4 ninhadas por ano, e nesta região não há predadores naturais. Hoje estima-se que existam mais de duzentos mil castores por aqui. Os bosques e diques mostram o árduo trabalho deles, fazendo um belo estrago.










Terminada a caminhada, chegamos ao momento tão esperado: a hora do rango. A trilha terminava justamente em um rancho onde, quando nos aproximamos, pudemos ver já a carne assando lá fora. O dia, apesar de frio, estava muito gostoso, com uma luz linda. Cláudio, porém, nos disse logo para entrarmos para um lugar mais quentinho. Até porque, já tinham preparado as "picadas" (queijo, azeitona, batata frita, pão) e a lareira estaria sendo acesa naquele momento.







Entramos e realmente a mesa estava posta. Além das picadas, tinha também umas garrafas de vinho aqui da Patagônia - o mesmo que compramos dias antes - para saborearmos. Tudo caiu muito bem e a conversa foi rolando solta entre os passageiros das duas 4x4. Eis que, de repente, o guia entra com um sanduichão para cada um. Era um pãozão recheado de linguiça. Tudo quentinho, estava uma delícia. Comemos, conversamos mais um pouco e veio então o prato principal: bifes de chorizo para todos, uma fartura, uma maravilha. Continuamos comendo a iguaria local com salada de alface, conversando e bebendo.



Um pouco mais tarde foi servido café com bolo - parecia brownie. Também estavam bons e quentinhos. O lugar era espetacular. Rancho daqueles que vemos nos filmes, com janelões largos para apreciarmos a vista. Uma beleza! Mas é hora de partir, não é mesmo?









De bucho cheio, todos embarcamos nas 4x4 e fomos de volta ao centro da cidade de Ushuaia. Maurício e sua mãe, Isabel, tinham um voo para El Calafate. Passamos pela agência de turismo para pagarmos pelo passeio.

Após as contas acertadas, acompanhamos Maurício e sua mãe até o aeroporto. A 4x4 da agência que os levou, pois o shuttle que tinham contratado já havia passado no hotel para pegá-los. Tudo certinho, dentro do horário. No aeroporto nos despedimos de Maurício e de sua mãe e a 4x4 nos deixou na cidade. Passamos no supermercado e compramos umas sopinhas de caneca, um refrigerante de pomo rosado e um iogurte, para matar a fominha da noite. O iogurte é delicioso, o refrigerante tem gosto de sal de frutas ENO sabores.

Amanhã teremos que comprar as passagens de ônibus para Punta Arenas e resolver problemas com o cartão do banco santander, escrevo santander em letras minúsculas pois este banco não merece o mínimo de respeito. Desde que chegamos, um dos cartões não passa nem débito e nem crédito, por precaução temos outro cartão e um pouco de dinheiro vivo.

Amanhã tem mais.

Um comentário:

  1. Hoje é um dia muito especial, aniversário da minha querida,muitas felicidades, muita saúde, e muita harmonia com vcs.Quanto á viagem deve ser espetacular, nunca tinha pensado que por ai houvesse tanto para ver, e que fosse possível.Parabéns, á Celinha, ao Ro por este trabalho legal.Bjos Palmer

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